Como o prometido é devido...
O dia começou cedo naquela que é a maior Romaria de Portugal e para mim, começou já na véspera com a preparação do farnel para levar para a festa, até porque romeiro que se preze não vai de mãos a abanar.
A viagem até Viana fez-se bem, haja dinheiro que auto estradas não faltam para chegar ao destino com os bolsos mais leves. Chegada a Viana, carro estacionado e relógio a marcar 10h30min é altura de começar a minha romaria, como foi a primeira vez que fui à Sra. d´Agonia, o melhor a fazer foi seguir os outros romeiros, na esperança de que não fossem principiantes como eu.
Seguindo os meus "guias" a igreja foi o primeiro ponto a visitar como que a anunciar à santa padroeira a vinda dos seus fiéis, em redor da igreja, os locais para o almoço de piquenique já estavam compostos com a manta de trapo a carregar com a geleira, o cesto de verga e a toalha aos quadrados.
Como barco parado não faz viagem lá fui eu desta vez, até ao cais onde estavam os barcos engalanados a rigor e preceito para levaram dignamente a Sra. d´Ágonia e os seus convidados, os santos padroeiros das outras capelas em procissão ao mar, lá mais para o meio da tarde. Calcorreando a rua dos vendedores, feirantes e pregoeiros, avisto outra atração, o Navio Hospital-Museu, Gil Eanes que estava aberto para visitas... com bilhete pago, não o visitei pois considerei e bem, que haveria por lá outras atrações que valeriam igualmente a pena e sem ter que abrir os cordões à bolsa.
Posso dizer que à medida que ia descobrindo Viana do Castelo (convém dizer que agora já ganhara alguma autonomia!), encontrava sempre algo a acontecer, como foi o caso do Concerto dado no Coreto da praça pela Banda Filarmónica de Mira, a Revista de Gigantones e Cabeçudos e a atuação de alguns grupos de bombos que quase ensurdeceram os menos servidos de ouvido, tal não era a força varonil com que ostentavam as macetas e ribombavam sonoros trovões que se arriscavam a ser ouvidos em terras de nuestros hermanos... gostei de ver a picardia com que se desafiam uns aos outros até à "vitória final"... isto após mais de meia hora a exercitar braços, pernas numa coreografia atempada e minuciosamente preparada.
Hora de dar de beber à sede, confortar o estômago e estender as iguarias numa toalha, também aos quadrados...
A tarde começou com a celebração Eucarística no Adro da Sra. d´Agonia e as pessoas já se faziam notar a umas centenas de metros, número que se avolumou aquando da procissão ao Mar. Os fiéis e forasteiros instalavam-se em bancos desmontáveis ao longo de todo o percurso e era vê-los de banquinho debaixo do braço, à procura do melhor sítio de onde pudessem contemplar a santa que os levou ali e lhes alimenta a fé durante todo o ano.
A Procissão ao Mar é o momento alto da Romaria em dia de Feriado Municipal e dia da Sra. d´Agonia e é por isso, bonito de se ver todos os barcos a reunirem-se para acompanhar a Santa e ver assim os vianenses com os seus trajes típicos a embelezarem um cortejo carregado de emoção e sentimento...
...terminadas as festas solenes, abençoados os tapetes de sal ao longo das Ruas da Ribeira, todos querem levar para casa um punhado de sal que lhes "tempere" as almas em dias de agonia... a festa continua com um artista da moda até que o céu de Viana se ilumine em fogo de luzes...
A minha romaria termina aqui... e termina com a plena certeza de que as gentes de Viana amam a sua terra, trazem-na no coração e agora entendo os Corações de Viana.