Sou por norma uma pessoa discreta no trato social.
Sou por norma uma pessoa de trato fácil.
Sou por norma uma pessoa reservada, no primeiro contacto com o outro.
Sou por norma uma pessoa que gosta de passar despercebida, no meio de grupos ou multidões descaracterizadas.
Por ser tudo isto e muito mais, quem comigo priva em contexto profissionais, fica quase sempre com a ideia de que não tenho grande coisa a dar, a partilhar, a dizer e como tal, estou habituada a que, direta ou indiretamente subestimem a minha presença. Contudo, e sem falsas modéstias reconheço que o meu contributo profissional revela-se pertinente, útil e moderadamente enriquecedor.
Ora, não é meu intento fazer aqui um discurso narcisista ou presunçoso, apenas quero partilhar um momento de vida profissional.
Assim, quando se trabalha com profissionais bem mais velhos que nós, há uma tendência quase inata, para se considerar o mais novo como o elo mais fraco de toda uma cadeia que visa fins comuns.
Ultimamente, tenho sentido esse desconforto na pele, trabalho com pessoas mais velhas que têm uma carreira profissional de duas ou três décadas (a minha ainda não chega a duas e ainda por cima, laboralmente precária), o conhecimento que tenho deles é parco (cerca de dois meses) e as situações de contacto direto têm sido pontuais. Face a tais constrangimentos, até um simples bom dia ou boa tarde que me é dirigido, é em alguns muitos casos, involuntário, arrisco mesmo forçado.
Contudo, e de uma forma pouco gradual, observo com alguma satisfação e ego fortalecido, uma aproximação profissional que, aparentemente parecia quase irrealizável nos tempos mais próximos... Será coincidência? Será o curso natural dos acontecimentos? Será intencional? Ou será apenas e tão só um meio para a obtenção de um fim?
Creio que já tenho um esboço explicativo, para os estados de alma daquelas almas que comigo partilham espaços e tempos, mas como não gosto de defender crenças pouco alicerçadas, aguardo pacatamente as cenas dos próximos capítulos... Aguardem comigo!