Neste país carregado de médicos, doutores, engenheiros, advogados, carregado de gente com a ordem de Cristo, dos Templários e quiçá dos Visigodos, carregado de gente com com lapelas medalhadas, o que parece importar é isso mesmo, títulos... E quanto mais melhor, a grandeza da pessoa é vista pelos galhardetes que ostenta.
Isto irrita-me e irrita-me muito, principalmente quando a visita destes mui nobres personagens implica com a minha vida profissional e com aqueles que dela dependem.
Ah e tal... Porque amanhã vem cá sua excelência e por isso tudo tem de estar impecável, sua excelência tem de ser recebida com pompa e circunstância, sua excelência não pode ser recebida na sala x, tem de ser na sala xy, sua excelência não pode caminhar por onde caminha a plebe, sua excelência tem de se deliciar com belas flores, sua excelência tem de ser recebida à sua altura... Mas qual altura? É algum gigante? É algum fenómeno de sapiência... Tenham paciência!
Afinal quem é sua excelência? Sua excelência é um qualquer homem, ou um homem como outro qualquer, simplesmente vem armado em político do planalto, de colarinho branco, com punhos engomados e enfeitados com botões. Não é o Papa, pois este seria Sua Santidade, não viria de botões de punho e o branco não seria do colarinho. Se fosse o Papa, de certeza que preferia ser recebido com modéstia e humildade, porque os verdadeiros homens valem pelo que são, não por aquilo que querem ser.
Tenho pena desta gente, desta gente que se deslumbra com o acessório. Faz-lhe falta ler Aleixo, pois certamente ainda não sabem que uma mosca sem valor, pousa co'a mesma alegria na careca de um doutor, como em qualquer porcaria.
: )))
ResponderEliminarOs títulos académicos ainda são muito importantes em determinados países, nomeadamente, Portugal, países da América do Sul... : ) E mais não digo... a mmm’s já o disse.
Gentinha que vive dos títulos...que muitas vezes não os têm.
ResponderEliminarO poema de Aleixo acenta-lhes que nem uma luva!
Beijinhos.
Também não gosto de títulos e odeio essas coisas, de receber x ou y com outros "modos" quando de importantes nada têm.
ResponderEliminarBeijocas
Gente pequenina que também me irrita mas, infelizmente, já não me surpreende.
ResponderEliminarConcordo que pessoas que se arrogam de títulos que acham que merecem são repugnantes, mas muitas vezes não são essas pessoas que se acham mais importantes que os outros. Se a dinâmica do escritório/empresa muda porque "sua excelência" lá vai, a culpa não é de "sua excelência", mas sim de quem vai a receber, que considera que "sua excelência" não é digna de ver/usufruir das normais condições do escritório/empresa e não é ela que vai exigir as flores X e a sala Y. Isso é um problema de mentalidade de quem recebe, não de quem visita.
ResponderEliminarE falo com conhecimento de causa. Sou advogada e nunca me arroguei de título algum, fiz qualquer exigência ou sequer usufruí do direito de preferência em qualquer serviço público, e no entanto sempre fui tratada com demasiada deferência para o meu gosto. Sempre me apresentei pelo meu nome próprio e quando em trabalho, claro, apenas dizia que era advogada de X, caso contrário não tinha legitimidade para fazer o meu trabalho.
Mas desengane-se quem acha que isso é problema de países pequenos. Vivo na Alemanha e aqui conseguem ser ainda piores. Os médicos metem doutor na placa consoante a quantidade de especializações que fazem (é comum terem duas ou três vezes a palavra doutor antes do nome), os advogados apresentam-se como e até nas folhas timbradas/e-mail/placas metem doutor e já para não falar que aqui toda a gente é "Experten" (especialista) em alguma coisa.
A deferência não é exigida (na grande maioria dos casos) pelos médicos, engenheiros, advogados e afins, mas é sim dada por aqueles que o não são e disso é muito difícil fugir.
Estas excelências são pessoas tristes, comodamente instaladas num estatuto medíocre.
ResponderEliminarAs pessoas de verdadeiro valor exigem apenas ser tratadas com respeito e dignidade que nada têm a ver com receções ridículas que põem em causa o trabalho de quem trabalha e envergonham as instituições que as promovem como se o desempenho de quem lá trabalha com seriedade precisasse de ser mascarado com cenas humilhandes e vergonhosas de tão disparatadas e de deferência de bobo da corte para com suas excelências que, na maioria, não fazem a menor ideia do dia a dia das instituições que visitam e, na maioria, não querem saber. Isto é quase tudo um teatrinho.
ResponderEliminar