A palavra do momento em Portugal
é Empreendedorismo.
O homem do momento em Portugal é
Miguel Gonçalves.
É jovem, é bracarense, é
psicólogo, é criativo, numa palavra, é empreendedor. O empreendedor que
encabeça o programa Impulso Jovem e que é um pouco como a nova
"menina dos olhos" do Ministro Miguel Relvas.
Miguel Gonçalves tem um discurso
muito terra à terra, um discurso do tu cá tu lá muito próximo
das faixas etárias mais jovens, mas a proximidade deste jovem com a dos outros
jovens portugueses (pelo menos com uma parte deles) esgota-se no plano da
comunicação.
Senão
vejamos, o meu dia a dia é passado com jovens e entre os jovens e aquilo que
vou presenciando, ouvindo e tentando desconstruir mais não é do que um diálogo
derrotista, vazio de conteúdo, conformista em que a única prioridade é o ócio e
a preocupação com o dinheiro que os pais deixaram de ter para lhes poder
financiar os divertimentos da "night" afirmando com gaúdio que aquilo
que querem fazer na vida é NADA.
Chocante? Até pode ser, mas se
contextualizarmos a coisa já não me parece assim tão bizarra, quando temos um
país que, em rigor, não premeia o trabalho, o mérito, o brio e a excelência
conseguidos à custa de esforço, "suor" e "lágrimas", um
país que não oferece grandes perspetivas de futuro.
Em parte, até compreendo estes
jovens, o seu desinteresse, o seu desalento e a sua falta de atitude proativa
mas, se pensarmos de forma realista rapidamente percebemos que uma sociedade
inerte e amorfa não se desenvolve e rapidamente percebemos também, que devemos
ser agentes de uma educação empreendedora que deve promover atitudes de
resiliência, espírito de iniciativa, capacidade de correr riscos controlados,
interação com terceiros e trabalho de equipa, capacidade de deliberação,
decisão e aprendizagem experimental - "aprender fazendo" alguma
coisa.
O Miguel Gonçalves pode ser,
quiçá, um agente de peso nesta empreitada. E porquê? O que tem ele de tão
extraordinário?
Na minha opinião, é um idealista em tamanho XXL mas tem também em igual proporção, a disposição para aprender e errar, a persistência, o otimismo, a determinação, a iniciativa, a motivação e muita coragem. Em larga medida, tem aquilo que muitos jovens portugueses neste momento não têm, contudo, se forem "agarrados" ainda vão a tempo de desenvolver e rentabilizar essas competências.
Certamente que Miguel Gonçalves não é um Einstein dos tempos modernos que inventa uma teoria revolucionária do universo, nem um D. Sebastião dos tempos idos que vai salvar o país, mas pode ser um impulso jovem que empurre os jovens para fora da caiuxa e puxe o novelo que se enrola nas suas cabeças.
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