quinta-feira, 11 de abril de 2013

A pressa dos dias


O tempo tal como o frio é psicológico, é o que ouvimos dizer frequentemente.
Por um lado esta ideia apazigua-nos a alma  no sentido em que nos ajuda a iludir a consciência de uma velhice ou caminho para ela, por outro, pode levar a acreditar que somos nós os únicos responsáveis pelo tempo e pela sua passagem, o que para mim me parece uma posição demasiado radical e própria de humanistas fundamentalistas (isto se os houver!).
 

Quando se é criança o tempo demora a passar, quando se é adolescente anseia-se pela rapidez desse mesmo tempo, quando se é adulto nem se dá pelo tempo passar. Só se dá conta de que já passou. Percebemos isso, quando se começam a notar os cabelos brancos, as rugas que já não são de expressão e a gravidade que se torna uma força atrativa a puxar-nos para baixo. Perante isto não podemos continuar a achar que a noção do tempo é psicológica. Quando se ultrapassa a barreira cristã da idade de Cristo, o tempo apressa-se a deixar as suas marcas e não são psicológicas...são muito físicas, notam-se, são vistas, são disfarçadas, por vezes ocultadas, mas não são eliminadas. Naturalmente, estou neste patamar do tempo e sinto esse passar dos dias a uma velocidade de quase TGV, há uma pressa nos dias, parece que têm vontade própria, os marotos!
Hoje, contrariamente ao habitual, quero que o dia passe depressa, que atinga a velocidade de um Concorde e não é porque amanhã é sexta feira e véspera de fim de semana, é porque amanhã, de acordo com os srs. da meteorologia, o sol (melhor anti depressivo natural), vai voltar das suas férias prolongadas por terras de alguém.
Mas hoje, só para contrariar o dia está a demorar a passar, há uma lentidão nas horas semelhante à minha lentidão física e até psicológica pois, tenho a sensação irritante de desperdício de tempo, de que hoje não fiz nada de jeito e o pior é que tenho a certeza, de que não foi por falta de tempo.
 

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