sábado, 18 de maio de 2013

Mais um ano...


E assim se cumpriu a tradição em Lisboa com a cerimónia solene da Benção das Fitas, a última a ser presidida pela Cardeal D. José Policarpo.

Tenho uma grande ligação afetiva a esta cerimónia e todos os anos a acompanho indiretamente, pois há uns anos (alguns, já) foi a minha vez e uns anos mais tarde, a vez da minha mana, é portanto natural que me emocione e atualize na minha memória o entusiasmo, a energia, a expetativa, a saudade e o desafio que vinham a caminho.
Por isso, este acontecimento desperta-me uma série de sentimentos que vão desde o orgulho até à desesperança com que olho o futuro de todos estes jovens que hoje quiseram ter o fim da sua vida académica e o início de uma carreira abençoadas.  
 
Foi com alguma tristeza que ouvi alguns jovens a mostrar a sua preocupação quanto ao mercado de trabalho em Portugal, outros  mostraram uma enorme descrença quanto à possibilidade de poderem vir a ter trabalho, outros mais radicais optaram mesmo por um discurso derrotista, de desilusão e absolutamente assustador, pois o que me pareceu foi que até os sonhos, estes jovens já perderem. 
Fico sem reação face a esta situação...o que é que se está a fazer ao nosso país? O que é que se está a fazer a estes jovens? É justo que aos vinte e poucos anos já não tenham sonhos? É razoável que não acreditem sequer num futuro, mesmo sem sonhos?
E os pais destes jovens? Os pais destes jovens, na sua maioria estavam tão orgulhosos, e legitimamente orgulhosos dos seus filhos, que relegaram para um depois logo se vê, esta questão do futuro dos seus rebentos. É compreensível  e normal os pais envaidecerem-se com os triunfos dos filhos.
O que não é normal é a angústia que sinto neste dia que sempre foi de júbilo acompanhado de centelhas de esperança, inspiração e talento.
 
 
  

6 comentários:

  1. É sempre melhor ser optimista. Mas o futuro em Portugal é complicado e quando se sai da Universidade, a esperança é pouca.

    Mas nunca se deve desanimar! A vida vai e tem de melhorar!

    Beijinhos

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  2. Vou tentando manter essa esperança em dias melhores e ainda quer acreditar que o meu país é o melhor do mundo...só porque é o MEU!

    Beijinhos

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  3. Como finalista e com um rebento meu penso muitas vezes no futuro, penso no dinheiro investido (não pelos meus pais, que não tinham possibilidades, mas por mim e pelo meu marido), penso no tempo, nos planos de futuro, penso nas oportunidades pedidas(???) penso em tudo aquilo que poderia estar a fazer caso não estivesse a tirar um curso. Este sempre foi o meu sonho, sempre lutei por ele, tenho capacidades cognitivas, tenho uma boa media (e suei muito por ela). Passei muitas noites em branco de volta do meu filho quando ele adoecia em vez de estudar, deixei muitas brincadeiras com ele para poder estudar, desperdicei (?) momentos que nunca mais vou recuperar...

    E sinto esta enorme angústia de poder ter sido tudo em vão. Tudo nunca é. O conhecimento fica mas será que empatei e sacrifiquei um pouco a minha vida, a do meu filho e a do meu marido por algo que nunca me irá trazer frutos??

    Por outro lado, se não tivesse arriscado e aproveitado as minhas capacidades? se não tivesse exigido mais de mim? se não tivesse dado o meu melhor?? Como será que iria passar o resto dos meus dias...? A perguntar-me como poderia ter sido?

    No entanto, também eu tenho os meus momentos derrotistas e negativos... a verdade é que acredito que ainda existam oportunidades, o meu maior receio é que nunca me dêem uma para mostrar o meu valor... e que o factor C ou o QI (quem indica) predomine sobre aqueles que realmente demonstram competências e capacidades...

    *

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  4. E depois penso: é num país com estas condições que quero que o meu filho cresça? Não seria melhor abandonar este "nosso" país e procurar um com melhores perspectivas de futuro?

    A verdade é que se eu tiver uma proposta para trabalho na minha área fora do país, jamais a recusaria.
    E também é verdade que se não encontrar trabalho na minha área ou um que me permita trazer um ordenado razoável para casa, eu e o marido já decidimos que vamos emigrar (independentemente do trabalho que tenhamos que realizar).

    Viver nas condições que temos actualmente para sempre, é impensável para nós.

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    1. O estado de espírito que deixa passar é de facto, difícil de gerir. Contudo, penso que não devemos dar por desperdiçado o tempo, o dinheiro, o esforço, as emoções...gastos na concretização de um sonho. O sonho foi concretizado, investiu em si, na sua formação, enriqueceu intelectualmente e, mais cedo ou mais tarde, a tal oportunidade surgirá. Temos que acreditar em nós e nunca desistir do que queremos.
      Poderá estar a pensar, "Ah! Ok! É tudo muito bonito mas as palavras leva-as o vento e ainda não inventaram nenhuma forma para se viver dos sonhos." É verdade, mas sem a nossa força de vontade e muita persistência, nada nos cairá nas mãos.
      Desejo-lhe muita sorte e espero que não tenha de emigrar...Portugal não se pode dar ao luxo de ver os seus "cérebros" abandonar o país. Contrariamente ao que pensa o Primeiro Ministro acerca da emigração, Portugal tem que apostar no que é seu e viver com aquilo que é seu.
      Obrigada pela partilha!
      Espero continuar a "vê-la" no meu "modesto" blogue, será um gosto!

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    2. Eu sei que não podemos desistir (nem eu sou uma desistente!), no entanto, também temos que ser realistas, e nem sempre a realidade com que temos que lidar é aquela que gostariamos de ter que enfrentar. Mas o que seria a vida sem desafios...?!

      Faço intenção de ir passando,
      D.

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