terça-feira, 28 de maio de 2013

Um prémio que (ainda) faltava




Um reconhecimento há muito aguardado pelos seus leitores e que vem confirmar a singularidade de uma escrita, bem como o enorme contributo de Mia Couto na "expansão" da nossa língua. 


Não sou uma leitora assídua de Mia Couto, contudo, li A Confissão da Leoa e gostei porque descobri que não sabia que todos sabemos, por exemplo, que o Céu ainda não está acabado. Porque assumi que são as mulheres que desde há milénios, vão tecendo esse infinito véu. Porque acreditei que quando os seus ventres se arredondam, uma porção de céu fica acrescentada porque interiorizei que só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém.

 
Mia Couto nesta obra, que no meu ponto de vista, assume um carácter interventivo desvela a realidade das mulheres moçambicanas, da sua condição submissa, da opressão, da indiferença, numa palavra, do seu sofrimento que só encontra justificações infundadas em preconceitos e ignorância, alimentados ao longo da história dos homens que muitas vezes querem saber como morremos, e raras vezes querem saber como vivemos.

Mia Couto propõe-nos a história...mas é você Mariamar que vai contar histórias dos caçadores de feras porque eu sou uma menina, nunca cacei, nunca irei caçar... 

* excertos da obra A confissão da Leoa, Mia Couto.

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